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10 de abr. de 2011

Lágrimas de tristeza


- tais luso de carvalho

Fiquei sensibilizada com esta foto que me enviaram. Foi na posse de Obama. Recebi além desta, muitas outras fotos, dignas de serem guardadas. Mas esta diz muito: estas lágrimas não eram de felicidade e de euforia: me tocaram como lágrimas de uma vida sofrida, de gente humilhada que ainda sofre; lágrimas de um pedido de ajuda que nunca veio, ou se veio para alguns, que poderão se beneficiar, chegou tarde para os outros.
Resolvi postar essas fotos com a intenção de mostrar do que o norte americano branco foi capaz de fazer com seu semelhante, de outra etnia (de cor negra); o tanto que uma raça se julga superior; e como a história se repete! Esta foto, expressivamente triste, bem demonstra o tanto que temos de maldade, e como sabemos empregar a força para aniquilar os outros.
A euforia pela posse de Obama serviu para a auto-estima não das minorias, mas de uma nação escravizada e pobre que nunca foi minoria. Escravizar negro, e além de negro, ainda pobre... Sempre foi fácil: é como bater em criança. Os negros cresceram obrigados a pedir desculpas pro ‘dotô’; cresceram querendo afilar o nariz; cresceram alisando os cabelos e ficando na defensiva pela sua condição étnica, e que foram convencidos de estar fora dos padrões exigidos pela sociedade.
Acabei de receber um vídeo mostrando uma entrevista, como crianças negras sentem-se feias e más (está no vídeo, a palavra má) essa pelo fato de sua cor ser negra. As brancas de olhos azuis são o modelo do bem e do belo. Este vídeo está rodando na Internet. Assim são criados os negros: sem auto-estima, sem perspectiva, a maioria na pobreza absoluta.
Gostei de ver fotos do presidente Obama caminhando de cabeça erguida nos palácios ricamente ornamentados, entre poderosos, entre brancos letrados, e poder mostrar que agora quem reina neste império ganancioso, é ele, aquele que um dia teve um pai que não podia almoçar em restaurante por ter sua pele negra; aquele que não podia estudar nos mesmos colégios dos brancos; aquele que não podia andar nos mesmos meios de transportes. Os negros são de outra ‘casta’, na onipotência dos brancos.
E agora, milhões de brancos do mundo inteiro depositam suas últimas esperanças nele. Ora, ora... como as coisas mudam! E agora, senhores brancos, ainda estão com preconceito quanto à cor da pele? Ainda faz alguma diferença a cor negra, amarela ou branca?


(Ficam ressalvadas as milhares de pessoas brancas, pobres e ricas, e de todas as idades, que vimos pela televisão torcendo e comemorando a vitória Obama.)
Sei que é cedo, porém espero que Obama esteja preparado. Por certo cometerá seus erros, mas só o fato de enxugar milhões de lágrimas de seu povo de origem africana, de ser hoje o orgulho e a esperança de gente excluída, já não o julgarei. Se não der certo é porque as barreiras continuam. Porque vontade não falta. E nem o apoio das massas.
Mas essas são as que menos mandam.
.

' Sim, nós podemos...'
.

O Drama das separações conjugais


- Tais Luso de Carvalho

Não quero falar sobre o início dos relacionamentos; todos os amores são iguais, só se enxerga qualidades; o amor é o bálsamo dos deuses, quando tudo dá certo. Não é por nada que a palavra amor é a mais linda, a mais sonora e a preferida dos poetas. A coisa flui mansa, não há contestação.

Mas quando se fala numa separação as exclamações são das mais variadas: Nossa!! Santo Deus! Como pode? Que fdp! Entre na justiça! Olhe os bens! E por aí vai. Todos se metem, todos aconselham. E tudo sai da intimidade do casal para o mundo em que vivem.

São difíceis e esdrúxulas muitas das separações. E se dão de inúmeras maneiras; algumas inusitadas. Diferenciam um pouco no palavreado, aquela coisa meio xucra que sai de nossa boca com certa  meiguice... (Desculpem a ironia). Mas tanto faz o sotaque ser carregado, cantado, chiado... A destruição é a mesma. O sentido é igual.

É muito difícil haver harmonia entre a família do marido e a da mulher, quando o casal se separa. E são nessas separações que se vê a dimensão do ódio. Antes do primeiro atrito, o céu é azul; depois, não são apenas duas pessoas em processo de separação: são 30! Os telefones entram em colápso com todos os familiares colocando sua lingua ferina em funcionamento, e mais lenha na fogueira. E, havendo filhos, o estrago é maior.  

Relacionamento familiar é coisa muito difícil, uma vez que não elegemos ninguém por livre e espontânea vontade para ser nosso amigo. Quando casamos, vêm junto os cunhados, a sogra o sogro e muitas vezes vem mais alguém no pacote.

O filhos, que nada têm a ver com as maluquices e desencantos dos pais, são as primeiras vítimas da história. Esses inocentes passam a viver num burburinho de hipocrisia. As famílias passam a medir forças. As mulheres têm por norma se apoderar totalmente dos filhos; acha que os filhos são só dela. Mas é obrigação do pai sustentá-los - e sem vê-los, se possível. Esse jogo é conhecido, quem já não viu?

Em outras situações, o pai é que desaparece - para se livrar da pensão alimentícia. Se for responsável, vai às vias judiciais procurar seu direito de conviver com os filhos. Então são estabelecidos os dias de visitas, e os parcos dias de férias. Está plantado o estresse, a revolta e a desarmonia na cabeça das pobres crianças. 

Mas o caótico vê-se na hora da divisão dos bens: começa a 'brigaiada' pelo televisor, pela geladeira, pelo mobiliário, por um apartamento na praia, pelo carro e até um velho fogão pode virar o centro das atenções, só para deixar o 'ex' na total penúria. Quanto mais na 'M' ficar, melhor. O negócio é deixar o 'ex' depenado. É um prazer incrível. Sádico.

As famílias - paterna e materna - que antes se amavam, que se visitavam e que eram o elo dos amores e da paparicação para com as crianças, já se odeiam.

Ninguém, nessas alturas, tem cabeça para resolver as coisas amigavelmente e pensar no bem estar dos filhos. Agora é guerra declarada. Ainda mais as tias, avós e pais tagarelando e agindo como juizes absolutos da verdade.

Homens e mulheres, portanto, cada um carregando sua fatia de culpa, cooperaram para que o fim da história, que pretendiam fosse um conto de fadas, se torne um inferno.

Porém, o que me deixa mais estarrecida, é a conduta dos pais perante os filhos; uma conduta criminosa, uma vez que os filhos precisam ter a referência masculina e feminina para uma formação saudável, mesmo com pais separados. Mas nisso pouco se pensa; e é aí que o judiciário entra em ação para botar ordem no pedaço, o que é lamentável para a formação das crianças.

Mas são coisas que jamais mudarão, porque homem e mulher não mudam quando as coisas os atingem; mudam suas posturas quando o 'barraco' é na vida dos outros. Aí, são doutores em sabedoria!

Se você conhecer alguém nesta situação, o melhor é ficar longe e não dar palpites: você vai evitar de ficar doente, de ser xingado, de ser odiado por uma das partes   e não vai ficar louco!  Então um conselhinho: deixe tudo com o advogado das partes! 

O amor foi lindo, infinito enquanto durou, como diria o poetinha Vinícios. Além disso tudo, o que me mais me assombra é a rapidez com que o ser humano passa do amor ao ódio. Nessa hora, a poesia também muda de lado.

Páre um pouco e viva


- tais luso de carvalho

Ninguém mais pensa em desconectar, em parar de fazer algo por alguns momentos do dia. Não dá mais. Precisamos trabalhar muito, o dinheiro anda cada vez mais escasso. Sei disso.

Dormir um pouco mais? Hã? Cai fora, isso dá culpa. Tempo é dinheiro: o negócio é trabalhar, é produzir à exaustão para ter um pouco mais de conforto. Para uns, é questão de sobrevivência – entendo, país pobre... Para outros, os mais sortudos, uma casa na praia, uma na Serra, o carro do ano, viajar como um alucinado, roupas de grife e, no final, deixar um belo testamento... Também entendo. O ser humano é assim: quando tem o que mostrar, não mede as consequências e quase se mata. Mas a vida cobra:

Coitado! Já era... Mas viveu feliz, teve tudo o que quis – diria alguém, lá no velório do falecido. Será?

E depois do coitado ter se matado de trabalhar, nada vai mudar por aqui: a vida vai continuar a mesma: com seus terremotos, furacões, enchentes, os animais sofrendo nas mãos dos homens, epidemias se espalhando e os homens se matando barbaramente. E por nada. Será que vale tanto o sacrifício?

Desaprendemos a ficar um pouco na inércia. A cadeia de obrigações com hora marcada, a pressão no trabalho, preocupações com a família e ainda manter um certo status econômico geram o maldito estresse. Estresse que abre as portas pra tudo. Assim estamos nós, meio vulneráveis, uns coitados, num planeta em extinção. Credo.

Nossas férias tornaram-se um pesadelo: temos pouco tempo para conhecer o mundo que nos rodeia, pois o laptop e o celular não tiram férias... Vão juntos e solidários na alegria e na tristeza, até que a morte nos separe.

Mas, enfim, cheguei ao meu momento de reflexão: agora estou dando mais valor à paz de espírito e à saúde. Estou dando prioridade ao essencial, e quero fazer jus ao que mereço: já briguei; já sofri; já tive minhas perdas; já entrei em discussões que nada acrescentaram. Mas contudo, sou feliz. Temos momentos de felicidade e momentos de tristeza.

Esta crônica nasceu num dia em que resolvi acordar mais tarde... Depois, veio chegando - de mansinho -, uma culpa desgraçada, como se quisesse me dizer: hei, sua preguiçosa, vai ficar aí esticada até quando? Putz...

Naquele momento, senti que precisava mudar o rumo das coisas, e resolvi desafiar antigos conceitos que absorvi da própria sociedade. Eu só quero poder reger a minha vida e como um maestro: pegar a batuta e escolher a melodia que for melhor pra mim, no meu compasso.


http://taisluso.blogspot.com/