A mão arranca da terra a raiz e a erva.
colhe da árvore o fruto,
descasca-o, leva-o à boca.
A mão apanha o objeto, remove-o,
achega-o ao corpo, lança-o de si
A mão puxa e empurra, junta espalha,
arrocha e afrouxa, contrai e distende,
enrola e desenrola; roça, toca, apalpa,
acaricia, unha, belisca, aperta,
esbofeteia, esmurra;
depois massageia o músculo dolorido.A mão abre a ferida e a pensa.
Eriça o pêlo e o alisa.
Entrança e destrança o cabelo.
Enruga e desenruga o papel e o pano.
Unge e esconjura , asperge e exorciza.
Acusa com o índex,
aplaude com as palmas,
protege com a concha.
Faz viver alçando o polegar...
baixando-o, manda matar.
Mede com o palmo, sopesa com a palma.
Aponta com gestos o eu, o tu, o ele;
o aqui, o aí, o ali;
o hoje, o ontem, o amanhã;
o pouco, o muito, o mais ou menos;
o um, o dois, os números até dez e seus quebrados.
O não, o nunca, o nada.é voz do mudo,
é voz do surdo,
é leitura do cego.Faz levantar a voz,
amaina o vozerio,
impõe silêncio.
Saúda o amigo balançando de leve ao
lado da cabeça e, ao mesmo aceno,
estira o braço e diz adeus.
Urge e manda parar.
Traz ao mundo a criança, esgana o inimigo.
A mão tateia com as pontas dos dedos,
apalpa e calca com a polpa, raspa,
arranha, escava, escarifica e
escarafuncha com as unhas.
Com o nó dos dedos, bate.
Para perfazer tantíssimas ações,
basta-lhe uma breve mais dúctil anatomia:
oito ossinhos no pulso, cinco no
metacarpo e os dedos com as suas
falanges, falanginhas e falangetas.
Autor Alfredo Bosi
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE O SEU COMENTÁRIO