- Tais Luso
Dizem por aí que ser criança é uma maravilha! Peraí: estão falando dos filhos e netos da Rainha-mãe, lá da Inglaterra, de filhos de magnatas e coisa do gênero? Ah sim... beleza. Entendi.
Fui uma criança normal, amada, cuidada mas, não posso dizer que tudo sempre foi maravilhoso, que não tive meus medos, minhas dúvidas e minhas inseguranças. Ninguém tem uma vida maravilhosa o tempo inteiro. É óbvio que ser criança hoje é mais complicado; as ofertas negativas como a Internet; o sonho de tornar-se modelo/atriz - com esses infernais regimes alimentares; conhecer os amigos dos filhos; o vício das drogas... Educar é difícil. Temos de ter uma mente meio de agente investigador!
O que a minha geração tínha de bom era uma infância real: brincadeiras no rio, na chuva, nas árvores, bonecas, bambolês, carrinhos, pé no chão, pulávamos corda e brincávamos de amarelinha - riscando as calçadas. Usávamos batom e salto alto (da mãe) para passarmos por uma linda mulher... Mas tudo brincadeira. Não havia à busca pela sensualidade e sim a vontade de sermos adultos.
Porém, o fato de ser criança - de qualquer geração - nunca foi e nunca será um mundo encantado. Criança sofre pra caramba: criança tem mil medos e uma montanha de inseguranças. Criança não vive num eterno paraíso; se assim fosse, não haveriam psicólogos e psiquiatras infantis.
A minha geração é aquela que dormia embalada por historinhas que falavam no bicho-papão, no boi-da-cara-preta, na rosa que morreu despedaçada, no 'cretino' que atirou o pau no gato, no lobo mau que comeu a 'véia'... E bota medo nisso! E ainda levávamos uns 'para-te-quieto' pra ficarmos mais tranquilos na casa dos outros.
Mas, crescemos, deixamos a criança adormecida, e estamos aqui, de vento em popa, alguns com filhos já criados, contando histórias nos blogs, trabalhando, administrando nossos problemas e tentando melhorar alguma coisa. Ou talvez coisa nenhuma! Falando a verdade eu já esgotei a minha 'cota'. Meus filhos estão bem crescidos.
Hoje, a criança vive grudada na saia da mãe. Rapidamente desgruda, fica rebelde e começam os atritos. Verdadeiros rolos! Principalmente nos shoppings. Sim, porque quando criança quer... QUER!! Aí entra uma conversinha - na base da psicologia - pra ver se substitui o conhecido 'sopapo' por um entendimento na base do papo-cabeça.
As crianças de hoje também vivem às turras com os irmãos, primos, colegas de escola... tudo igual, mas com um agravante: são crianças criadas dentro de apartamentos em frente a uma tela de computador - conversando sabe-se lá com quem - e dependuradas num celular. Conectadas 24 horas.
É difícil este processo atual de educar; o mundo mudou completamente. Não reconheço a infância nos dias de hoje; com 13 anos todos querem ser emancipados: baladas e namoricos é o carro-chefe.
As crianças de hoje dormem ao som de noticiosos ou embaladas ao som de novelas - com personagens psicóticos. Almoçam e jantam assistindo a programas de atrocidades, com medo de saírem à rua e com medo de ficarem em casa sozinhas. E a Internet facilitando o jogo... É aquele negócio: se ficar o bicho come, se correr o bicho pega...
A 'turminha' de hoje só conhece o mundo informatizado: os principais brinquedos são o computador e o celular, cheio de joguinhos de guerra, coisas inúteis, sem relevância para suas mentes em desenvolvimento.
Estou convicta de que saí no 'lucro': mesmo com os medos de criança, uns para-te- quieto e alguns rolos que eu mesma armava: fazia lindos bolos de barro, com cobertura de chocolate e salpicado de granulado... E oferecia a quem quisesse dar uma provadinha... Só lembro que alguns adoravam e repetiam. O bolo acabava em dois toques com algumas xícaras de café.
E depois dizem por aí que criança não tem maldade! Tá bom... Mas esse assunto fica pra outra vez. Acredito que hoje, não se faz mais bolos como antigamente...
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