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5 de mar. de 2011

AS DONAS-DE-CASA


- Tais Luso

Hoje vou escrever um pouquinho sobre as  donas-de-casa. Em certas classes, em alguns países, as mulheres já são vistas como profissionais bem sucedidas. Até aí Deus é pai, embora tenha custado um pouco a estender a sua mão amiga. A manobrar certos preconceitos contra a mulher que ainda existem por esse mundo afora. O processo não precisaria ser tão longo, Senhor, vá mais rapidinho, pois a vida das mulheres é um parto sem fim. Mas ao mesmo tempo de curta duração.

O serviço doméstico é visto, ainda, como algo improdutivo, é um trabalho não valorizado. Como donas-de-casa, as mulheres são vistas como aquelas que dormem quando querem, sem horário por cumprir, folgadas, descansadas, fanáticas por limpeza ou relaxadas ao extremo. Sempre, por mais trabalho que houver, por mais desmilingüidas que possamos ficar, chegará uma alma amiga que em segundos colocará tudo pro ralo.

Mulher é valorizada quando trabalha fora, quando tem um pezito na rua. Leva mais prestígio. E esse preconceito também parte da própria mulher. Então, no fundo, ninguém tem muito a reclamar. Estou aqui apenas constatando uma realidade.

O mundo tá cheio de gente que dá ouvidos para o que dizem algumas mulheres que vivem na mídia, e que muitas vezes não dizem coisa com coisa. Mas poucos param pra ouvir o que têm a dizer uma dona-de-casa que carrega uma família nas costas.

O engraçado da história é que esse cargo de dona-de-casa – sejam elas relaxadas ou não, é um cargo jamais remunerado. É sacrifício sem o mínimo reconhecimento, com raras exceções - e quem está preocupado com as exceções?

A chamada dona-de-casa cuida da sogra, do sogro, do pai, da mãe, da tia, do primo da tia... Mas continua o  feito pelo não feito; tudo parece que é obrigação, pois a dona-de-casa tem tempo pra tudo. Tempo é o que não lhe falta!

As tarefas de cozinhar, lavar, passar, enxugar, guardar, organizar, levar filho, buscar filho, fazer as compras e, finalmente, se arrumar na tentativa de ficar com cara de mulher que dormiu a tarde inteira, faz parte da rotina diária dessa legião sem fim. E ainda dizem que é pouco ser, apenas, uma dona-de-casa.

Pode uma dona-de-casa ficar doente? A família inteira dá a ordem: REPOUSO! Ao levantar, a louça já bateu no teto, as roupas sujas estão andando sozinhas, as panelas queimadas estão dentro do fogão, a comida velha na geladeira; não tem mais café, açúcar, pão... Tudo à espera. É maravilhoso. Estimulante.

É, por isso que ser dona-de-casa incomoda. O trabalho é visto como atividade secundária. É um trabalho estressante. É no lar onde se forma o núcleo familiar, é onde se forma a estrutura do ser humano; é o nosso primeiro contato com o mundo, com hábitos de higiene, de nutrição, de afetos e de responsabilidades.

Eu cresci numa casa cuidada com capricho, por uma dona-de-casa: com horário de banho, com comida quentinha, lençóis perfumados, com horário para deitar, para levantar, para fazer os temas da escola. E mais: um jardim - bem cuidado – que alegrou minhas brincadeiras de criança.

Que vivam essas mulheres que, como cantava o poeta-sambista Lupicínio Rodrigues, de dia lavam a roupa, de noite beijam a boca, e assim vão vivendo de amor...

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