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10 de abr. de 2011

NÓS, MULHERES!


Se todas nós fôssemos belas, simpáticas e atraentes; se fôssemos ótimas amantes e profissionais bem sucedidas; se cuidássemos dos filhos, da casa, da empregada e fizéssemos parte de algum voluntariado... puxa vida, seríamos fantásticas!
 
Pois é, mas não estamos com toda essa bolinha apesar de sermos bombardeadas por uma mídia que apela para sermos a “Mulher-Maravilha”, custe o que custar. E não tendo muita estrutura para agüentarmos tal imposição, saímos desatinadas à procura da academia mais próxima ou de uma clínica que nos ofereça “o pacote milagroso”, ou seja, a promessa de virarmos um mulherão, pelo menos em termos de beleza.
 
Malhamos como loucas, e, muitas vezes, saímos da academia com a sensação de termos virado uma Barbie. Já estamos com a cabeça feita: mulher tem de ser magra, esquelética, quase anoréxica.
Está tudo à nossa disposição: desde aulinhas cafonas, ensinando como sermos mais sensuais, até um festival de implantes de silicone.
Sensualidade não se aprende, é algo espontâneo. Cada mulher tem a sua peculiaridade; se não agradar aos gregos, agradará aos troianos...
 
O cuidado com nosso corpo é necessário, mas parece que perdemos o sentido exato das coisas. Estamos parecidas com robôs: cabelos iguais, lisos e repartidos; barrigas à mostra de todos os tamanhos e formas; muito silicone alterando medidas equilibradas ou muitas vezes nos impedindo de sorrir, travando nossa expressão facial.
 
Enfim, estamos uniformizadas; parece-me que fazemos parte de uma única escola, tudo cai bem para todas: o que veste a magra, a gorducha abocanha. E mais: temos ainda como opção, a lipoescultura. Essa técnica nos dá, de imediato, o contorno corporal adequado. Fantástico! Mas nada contra a lipoescultura: falo do exagero. E falo daqueles peitinhos horrorosos - que não são seios - de 500ml de silicone carregando frágeis criaturas parecendo embuchadas.
 
Mas depois de estarmos belas e formosas, de termos comido o pão que o diabo amassou, saímos a desfilar em companhia do nosso barrigudo, careca e gordo. Mas sendo homem, tá feito o embrulho; ma-ra-vi-lha! E não tem jeito: haverá sempre um atenuante para esses lindos gorduchinhos, pois mulher quando gosta, mascara. É uma atitude singular. Somos diferenciadas: trazemos à nossa vida amorosa, aquela coisa de mãe, gostamos apesar de feios, gordos e barrigudos. Por isso é que muitos estão tão à vontade...
Porém o contrário raramente ocorre: “A gorda tem namorado? Bá... o cara tá doente!”.
 
Mas falando sério, e apesar dessas firulas, podemos nos orgulhar diante da luta pela nossa emancipação.
A nossa verdadeira história é marcada a ferro e fogo à procura de um espaço nobre, seja nas artes, na literatura ou em outras áreas. Somos um Exército avançando e tomando posse do que nos é devido. Nada mais justo. E não seremos “desaforadas” por pretendermos chegar a um cargo maior...
 
Bom seria se fôssemos reconhecidas pelo que escrevemos ou falamos e não por termos lábios carnudos, peitos enormes e bumbum empinado.
Bom seria se fôssemos reconhecidas como profissionais capacitadas nas áreas técnicas com o mesmo reconhecimento e remuneração dispensada aos homens.
 
Bom seria se, após uma vida de trabalho, não sentíssemos o desconforto por estarmos aposentadas e o vazio de uma vida vista como improdutiva.
Bom seria se fosse reconhecido o nosso espírito de abnegação.
Bom seria se, na velhice, fôssemos cercadas de atenções, de paciência e de amor. Bom seria, se tivéssemos o reconhecimento dos filhos, como mães amorosas que tentaram acertar...
 
Mas ótimo seria se, na condição de mulher, não precisássemos matar um leão por dia para provar do que somos capazes.

( Taís Luso - Porto das Crônicas )

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